Transtornos na fala, perda de memória ou problemas de coordenação motora são sinais comuns de algumas doenças que afetam o sistema nervoso central. Uma das enfermidades mais conhecidas é o Alzheimer, que com a piora dos sintomas apresenta um comprometimento progressivo das atividades diárias.
Porém, existe outro distúrbio, não tão conhecido, mas que, segundo estimativa da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), afeta cerca de 35 mil brasileiros3: a esclerose múltipla (EM). O Dr. Fábio Armentano, gerente médico para Esclerose Múltipla da Novartis, esclarece aqui mitos e verdades sobre a EM.
- Pacientes com esclerose múltipla não devem tomar a vacina contra a Influenza?
MITO: A Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe, promovida todos os anos pelo Ministério da Saúde (MS), visa imunizar a população contra os vírus influenza, que em 2019 matou mais de 1,1 mil pessoas no Brasil.
Esse ano a vacinação será feita em três fases, e em cada uma delas, alguns grupos terão prioridade. Os pacientes com doenças crônicas, como a esclerose múltipla, estão entre essa população. “De maneira geral, pacientes com esclerose múltipla devem, sim, receber a vacina contra a gripe. Só não devem ser imunizados aqueles que apresentam alergia grave a algum componente da vacina5,” explica Armentano.
Ele reforça que essa vacina não protege contra a COVID-19. “Ainda não existe uma vacina contra a COVID-19. Mas é importante que todos sejam imunizados, pois essa vacina, além de proteger as pessoas contra a influenza, também vai ajudar os profissionais de saúde na triagem de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus4”, completa.
- Durante a pandemia, pacientes com esclerose múltipla não devem modificar seu tratamento sem orientação médica?
VERDADE: Em geral, pacientes crônicos não devem parar ou modificar um tratamento sem conversar com um especialista. “A recomendação é que a pessoa diagnosticada com esclerose múltipla que apresentar os sintomas da COVID-19, ou qualquer outro sintoma, procure um médico para que juntos possam avaliar e ajustar o tratamento, se necessário, ” explica Armentano.
- A esclerose múltipla não tem cura?
VERDADE: A esclerose múltipla é uma doença crônica, ainda sem cura. Chegar a um diagnóstico o mais rápido possível é a chave para controlar a EM ainda em estágios iniciais.
“Com o diagnóstico da EM é imprescindível que o paciente inicie o tratamento. Hoje em dia, a abordagem terapêutica inclui Medicamentos Modificadores do Curso da Doenças (MMDCs), que ajudam a reduzir a frequência e a gravidade das crises, independentemente do paciente apresentar uma forma muito ou pouco agressiva da doença”, esclarece Armentano.
No Brasil, esse tipo de terapia já está disponível na rede pública e privada de saúde. Fábio diz ainda que, tratar os sintomas também é importante para o paciente com EM. “É possível tratar os sintomas isoladamente, e garantir assim uma melhor qualidade de vida”, completa o neurologista.
- A causa da esclerose múltipla é desconhecida?
VERDADE: As informações conhecidas sobre a EM é que é uma doença autoimune que faz com que o sistema imunológico do paciente ataque seu próprio sistema nervoso central, provocando uma série de sintomas, como formigamento nos membros inferiores, espasmos, problemas de coordenação motora, transtornos visuais, cognitivos e emocionais, entre outros.
Outro aspecto importante e já conhecido é que existem três tipos de EM: Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR), que é o tipo mais comum, e provoca crises inesperadas que podem ou não deixar sequelas; Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EM PP), que apresenta uma evolução dos sintomas com o tempo, e a Esclerose Múltipla Secundária Progressiva, que é uma evolução da doença em pacientes com EMRR.
- Mulheres com esclerose múltipla não podem engravidar?
MITO: Considerando que a esclerose múltipla atinge jovem adultos, entre 20 e 40 anos, e em sua maioria mulheres, a gravidez se torna causa de preocupação. Entretanto, Armentano esclarece que pacientes com EM podem engravidar. “Estudos mostram que durante a gestação existe uma estabilização da doença, que chega a diminuir em 70% no número de crises, se comparado ao período anterior9”, comenta o médico neurologista.
O médico ressalta também, que o mais indicado é que a paciente faça um acompanhamento, antes mesmo de engravidar, e discuta como será o tratamento da EM e quais os riscos associados, pois muitos medicamentos usados no controle da EM não são indicados para gestantes.
“Apesar da redução dos surtos durante o terceiro trimestre de gestação, foi observado também um aumento da atividade da doença pós-parto. Por isso, é sempre importante que as pacientes conversem com seus médicos, caso queiram engravidar”, finaliza.
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